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A experiência agroflorestal de Adão de Jesus e sua família

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Agrobiodiversidade
Agrovila Nova Esperança – Ouricuri – PE

Com 14 anos de idade, Adão de Jesus Oliveira começou a conhecer novas técnicas de tratar a terra e as plantas, ainda como estudante da Escola Rural de Ouricuri. Hoje com 32 anos, ele trabalha com agricultura familiar agroflorestal, apicultura, criação de animais e cultivos agroecológicos em vazante. Mora na comunidade da Agrovila Nova Esperança, em Ouricuri, Pernambuco, com sua esposa Fabiana, de 24 anos, e seus dois filhos, Fernando de 5 anos e Fernanda de 3 anos.

Adão desenvolveu uma estratégia de convivência com o Semiárido, que tem como base os princípios agroecológicos. As atividades desenvolvidas apresentam relações estreitas de trocas de energia e melhor aproveitamento de nutrientes. Assim, o esterco dos animais é utilizado na adubação dos roçados; os alimentos produzidos nos roçados são utilizados para alimentar a família e também os animais; as abelhas se integram ao ecossistema polinizando as plantas e produzindo alimento para família. Esses são apenas exemplos das múltiplas relações existentes no agroecosistema manejado pela família.

Dentro dessa lógica de observação da natureza a família percebeu que para conviver com o Semiárido é preciso estocar, já que em uma época do ano – no período chuvoso, se tem bastante forragem, água e alimentos. Dessa forma Adão faz silo de milho e sorgo, e feno da palha do feijão, palha do milho, de capins nativos e cultivados.

Guarda ainda o milho e o sorgo em grãos, que durante a seca será triturado e fornecido aos animais, junto com o silo e o feno. Essa prática permitiu que a família aumentasse o seu criatório e diminuísse as perdas com mortalidades. Para Adão, os animais bem alimentados adoecem menos.  Mesmo assim, quando algum animal é acometido por alguma enfermidade o tratamento é feito utilizando plantas da própria caatinga.

Além de forragem, a família estoca as sementes nativas que serão utilizadas no plantio seguinte, e os grãos que serão usados na alimentação da família. A água que fica guardada na cisterna de 16 mil litros é utilizada para beber e cozinhar. Já a água da outra cisterna de 52 mil litros é usada para irrigação das fruteiras e hortaliças da agrofloresta.

O cuidado com o solo e com a vegetação da caatinga também é outra prática adotada. Os plantios são feito em níveis, não se usa mais queimada e a roça é bastante diversificada com milho, feijão, guandu, palma, fruteiras e hortaliças. Percebendo que poderiam ir além, há três anos, Adão e sua família resolveram implantar uma área de agrofloresta, experiência que conheceram através das visitas de intercâmbio.

Em pleno Semiárido, Adão e sua família estão mostrando que é possível produzir mais e melhor, além de preservar a natureza. Adão diz que resolveu implantar uma agrofloresta, porque a vegetação da região já está bastante prejudicada, então, dessa forma, pode mostrar que é possível produzir conservando a caatinga. Eles sabem do importante papel que exercem na preservação do meio ambiente e na conscientização de outras famílias.

Além de cuidar do meio ambiente, Adão afirma que a alimentação e a renda da família melhoraram depois que ele passou a adotar essas técnicas de convivência, pois quem vive na região do Semiárido tem que buscar alternativas, e diz que com a agroecologia se produz mais tranquilo. Ele atribui os bons resultados alcançados à Associação de Apicultores e ao CAATINGA – Centro de Assessoria e Apoio aos Trabalhadores e Instituições Não Governamentais -, que dão apoio e assistência técnica, construindo juntos novas alternativas para a produção.



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